A aplicação da lógica empresarial ao combate ao crime é um equívoco perigoso. Investigações criminais não são processos industriais que podem ser mensurados por quantidade de autos de infração ou de operações deflagradas. Crimes investigados pela Polícia Federal, exigem um trabalho minucioso, que não pode ser submetido a metas numéricas arbitrárias.
O estímulo à competição interna desconsidera o espírito de cooperação necessário para o sucesso das investigações e pode levar a distorções operacionais graves. A pressão por produtividade pode comprometer a qualidade das investigações e até mesmo colocar em risco a integridade dos policiais federais, incentivando abordagens precipitadas e investigações incompletas.
Além disso, é fundamental questionar quem se responsabilizará pelos efeitos colaterais dessa política. O que acontecerá quando procedimentos forem acelerados em detrimento da segurança jurídica e da legalidade das operações? Quando a pressa gerar erros que comprometam processos e resultem na absolvição de criminosos? Quem responderá pela exposição indevida de policiais submetidos a riscos desnecessários?
A Polícia Federal não pode ser guiada por métricas de produtividade artificiais. O combate ao crime organizado e a corrupção exige rigor, profissionalismo e um compromisso inegociável com a legalidade. Qualquer iniciativa que tente transformar esse trabalho em uma competição por resultados coloca em risco não apenas a eficácia das investigações, mas também a segurança de seus agentes e a credibilidade da instituição.


13 de março de 2025
A Diretoria